quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Não podemos morrer na praia

Tanto a CPI do ECAD no Senado Federal, quanto a da ALERJ, varreram para cima do tapete uma série de irregularidades que imperam há tempos na gestão coletiva de direitos autorais no Brasil. Sabemos que outras CPIs já aconteceram. As duas últimas, em Mato Grosso do Sul e em São Paulo, produziram documentos contundentes que pregam a intervenção do estado para regular e fiscalizar o sistema. Mas o que efetivamente foi feito? Infelizmente, até agora, nada. E por quê?

Sabemos que o Brasil sofre de muitos males e um deles é a corrupção endêmica, como tem sido veiculado pelos jornais. Outro mal é a manutenção de privilégios. Aqueles que estão há décadas acostumados a roer o osso não querem largá-lo de jeito nenhum. E o que podemos fazer nós, músicos, que estamos entre os principais interessados em que o sistema funcione ? Podemos e devemos nos interessar pela questão, nos informar sobre o assunto e, sobretudo, participar. Não em pensamento ou na torcida à distância. Precisamos participar presencialmente, senão , mais uma vez, tudo ficará como está, quer dizer, muito possivelmente poderá ficar inda pior.

Na próxima sexta-feira, de 10h00 às 13h00, no Auditório do Planetário da Gávea, será realizada mais uma audiência pública da CPI do senado, cujas reuniões não se restringiram à Brasília. Precisamos estar lá, ouvindo o que os colegas da classe têm a dizer sobre o assunto. Lá estarão aqueles que , como nós, defendem a regulação e a fiscalização do sistema pelo estado, como acontece na maioria absoluta dos países. Mas estarão também aqueles que acham que está tudo muito bom, está tudo muito bem. Para eles deve estar mesmo.

É hora de tomarmos uma posição para que não sejamos, mais uma vez, atropelados pelos acontecimentos. Precisamos ser agentes do nosso destino e não meras vítimas incapazes de reagir.

Tim Rescala


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Arranjo harmônico

Músicos demitidos e Fundação OSB assinam acordo coletivo que cria uma nova orquestra. Ministro Lupi ratifica o documento.  

No dia 9 de setembro, uma solenidade que ocorreu na sede do Ministério do Trabalho do Rio marcou a volta dos músicos demitidos à Orquestra Sinfônica Brasileira. O ministro do Trabalho, Carlos Lupi, ratificou o acordo coletivo que já havia sido assinado por 31 dos músicos e pela Fundação Orquestra Sinfônica na última sexta-feira, 02 de setembro. Compareceram ao evento boa parte dos músicos reintegrados, a presidente do SindMusi, Déborah Cheyne, além de funcionários da Superintendência de Trabalho. Destaque também para a presença de Myrian Rios (PDT), do diretor tesoureiro da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB-Rio), Leandro Costa, e do presidente do Sindicato de Interestadual dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e no Audiovisual, Luiz Antonio Gerace (Chacra).

Após a apresentação de um grupo de cordas, que tocou o Prelúdio da Bachiana nº4 e a Cantilena da Bachiana nº5, de Villa-Lobos, o ministro Lupi disse que era um privilégio ouvir músicos tão talentosos e falou a sobre a importância da valorização da arte, em especial a música.

- Cresci ouvindo os concertos da Quinta da Boa Vista, com o maestro Isaac Karabtchevsky e fico muito feliz que os músicos que compõe a OSB, que é um verdadeiro patrimônio cultural, estejam de volta. Em nossa sociedade por diversas vezes não valorizamos a música e os músicos como deveríamos. A volta dos músicos não foi só uma vitória dos trabalhadores, mas sim de toda sociedade que poderá continuar a se deleitar com música de qualidade e espetáculos de alto padrão, afirmou o ministro.

A assinatura do acordo coletivo encerra, após sete meses, o imbróglio que culminou na demissão de 33 músicos da Orquestra Sinfônica Brasileira. O acordo cria uma nova orquestra, que tocará paralelamente com a OSB, sem a regência de Minczuck, e em um regime que não prevê exclusividade nem a obrigatoriedade de avaliações de desempenho. Além da reintegração, outra possibilidade prevista no documento, e escolhida por quatro músicos, foi a de converter a demissão por justa causa em demissão normal. Um músico não aderiu e três decidirão nos próximos dias.

Pelo acordo, os membros da nova orquestra terão estabilidade até 31 de agosto de 2013 e serão submetidos ao Regime Interno antigo. Confira mais detalhes no quadro laranja, ao final da matéria.

Para Déborah Cheyne, presidente do Sindicato dos Músicos, o sentimento é de vitória:

- É uma grande vitória, conquistada após oito meses de luta e tensão. Estivemos envolvidos intensamente durante todo o processo e, naturalmente, do início da crise até a assinatura do acordo muita coisa mudou; o contexto hoje é outro.

O último mês foi marcado por negociações intensas, com reuniões quase diárias, entre músicos e a FOSB. O documento final, selado entre os músicos e FOSB foi assinado por grande parte dos instrumentistas.

- A adesão de um número substancial de músicos ao acordo mostra que o resultado de negociação atendeu bem a demanda atual. Essa não é uma vitória apenas do sindicato ou dos músicos contemplados no acordo, mas de todos aqueles que nos apoiaram todo esse tempo. Devemos muito a essas pessoas, instituições e parlamentares, disse Déborah.

A nova orquestra, que ainda não tem um nome definido, será também composta por quatro dos sete músicos veteranos da OSB, idosos ou com mais de 30 anos dedicados ao trabalho. A eles, que ficaram em “suspenso” durante a crise, foi dada a opção de permanecer na OSB ou integrar o novo corpo orquestral. Os outros três veteranos ainda não se posicionaram.

Apesar da ideia de se ter duas orquestras soar inusitada, existem casos bem sucedidos de duas formações em Chicago, Boston e Los Angeles. Os músicos devem começar os ensaios em breve.


Documento elaborado em conjunto pelo SindMusi e a FOSB

1- Reintegração imediata de todos os 33 músicos aos quadros da FOSB em um novo corpo orquestral criado com este propósito e sem a regência do maestro titular da OSB.

2- Este novo corpo orquestral será complementado por uma lista de sete músicos veteranos da Fundação.

3- Caberá à atual direção artística da FOSB a gestão do novo corpo orquestral, que terá as mesmas condições de trabalho praticadas anteriormente, reguladas pelo Regimento Interno antigo, tais como número de funções, gratificação por função, anuênios, etc.

4- A FOSB pagará aos músicos que forem reintegrados os respectivos salários e valores de direito de imagem retroativos às demissões ocorridas em março de 2011 até maio de 2012. Os salários de agosto serão pagos 12 dias após a assinatura do acordo.

5- A FOSB garante a manutenção do novo corpo orquestral e dos contratos de trabalho de seus integrantes até 31.08.2013, exceto por motivo disciplinar, econômico ou financeiro devidamente comprovado. Os músicos também ficam dispensados de realizar avaliações de desempenho durante toda a vigência de seus contratos.

6- Os membros do novo corpo orquestral poderão indicar, através de uma lista tríplice, um representante para compor o Conselho Fiscal da Fundação, que será escolhido pelo Conselho Curador.

7- A FOSB poderá convidar os músicos deste novo corpo orquestral para tocar com a orquestra atual. É garantido aos membros o direito de não aceitar nos primeiros seis meses de vigência do acordo. Após este prazo, a recusa só poderá acontecer no caso de a programação ser regida pelo atual maestro titular da orquestra.

8- Aqueles que não quiserem retornar aos quadros da Instituição terão suas demissões por justa causa convertidas em demissão imotivada, com o recebimento das verbas rescisórias e a manutenção do plano de saúde pelo prazo de seis meses. Estes músicos receberão também uma indenização de valor correspondente ao somatório dos salários retroativos. Os valores devidos serão quitados em prazo estabelecido em comum acordo.























Músicos recebem graças em missa celebrada pelo Arcebispo do Rio, D. Orani


Foi realizada no dia 31 de agosto, às 19h, uma missa em Ação de Graças aos músicos do Rio de Janeiro, que foi celebrada pelo Arcebispo do Rio, D.Orani. A missa não poderia ser em um lugar diferente: a Igreja de Santa Cecília, em Botafogo. A santa é a padroeira dos músicos.

Os fiéis se encantaram com a missa, que foi marcada pela musicalidade, e acompanhada pela Orquestra de Cordas SindMusi.

Durante a celebração, que durou quase duas horas, D.Orani falou sobre a importância da música para sociedade.

- A sociedade capitalista, às vezes, não vê a beleza e a importância do trabalho dos músicos. A música é um dom, que temos que incentivar e valorizar – afirmou D. Orani.

No encerramento da cerimônia, a presidente do SindMusi, Déborah Cheyne, homenageou Dom Orani e parabenizou o trabalho da Rádio Catedral, emissora oficial da Arquidiocese do Rio, no sentido de cumprir seu papel na democratização da cultura e comunicação.

- Não é por um acaso que D.Orani, que é especialista em comunicação e ex-presidente da Comissão Episcopal para a Cultura, Educação e Comunicação da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil, esteja sendo homenageado pelo SindMusi. Reconhecemos no trabalho do arcebispo e da Rádio Catedral o exercício da democracia, refletido na ousadia da grade de programação – afirmou Déborah, que também sinalizou programas que ela classificou como “oásis” na programação dos rádios no Brasil.

- Nós, músicos, não poderíamos deixar de chamar a atenção para programas como “Forma Instrumental”, que prestigia há 18 anos, diariamente, um segmento desfavorecido nas rádios, palcos e mídias em geral: a música instrumental brasileira. Outro programa que merece ser citado é o “Encontro com os clássicos”, que dedicado à música de concerto, também raramente lembrada.

BLOG SINDMUSI
Aproveitem esta nova ferramenta de comunicação do SindMusi para com os seus músicos e a sociedade
. Prestigiem!