quinta-feira, 7 de julho de 2011

Show dos músicos demitidos da OSB com Edu Lobo lota Oi Casa Grande

Por Tamara Campos

Música de qualidade com pano de fundo político. Essa foi a fórmula do show que aconteceu ontem e lotou o Teatro Oi Casa Grande, no Leblon. Um dos maiores nomes da MPB, Edu Lobo, músicos demitidos da Orquestra Sinfônica Brasileira e amigos tocaram para o público por cerca de 3 horas. No repertório, músicas como Canção do Amanhecer, Vento Bravo, A história de Lily Braun, Frevo Diabo, Beatriz, Ponteio, entre outras.

Antes de começar o espetáculo, o ex-presidente da Comissão dos Músicos da OSB, Luzer Machtyngier, afirmou que a noite era também uma luta por cidadania.

- Aqui estão os que foram chamados de incompetentes por uma classe de poderosos que manipula a opinião pública, afirmou Luzer.

A esteticista Monica Bezerra de Melo, explicou que para ela assistir ao show era ao mesmo tempo maravilhoso e triste.

- Música Popular com orquestra é tudo de bom. Mas fico muito triste com o que aconteceu com os músicos. A história da minha família está intimamente ligada a OSB, pois meu pai tocou na orquestra por muitos anos, além de meu irmão, Saulo Bezerra de Melo, que começou na orquestra jovem e depois ficou na OSB por 31 anos, contou Monica. Ela disse também que tem esperança de que tudo acabe bem.

A música que encerrou o show não poderia ter sido melhor: Na carreira, de Edu Lobo e Chico Buarque. Um dos trechos da canção parece fazer todo sentido se pensarmos nos músicos demitidos da OSB: “Ir deixando a pele em cada palco e não olhar pra trás e nem jamais, jamais dizer adeus”. “e deixa a pele no palco sem jamais dizer adeus”.

Relembrando o caso:

Depois da temporada 2010, que marcou os 70 anos de idade da orquestra, os músicos receberam, apenas dois dias depois de entrarem de férias, uma carta convocando para uma avaliação de desempenho. O documento não explicava o motivo e o caráter da avaliação. Apenas comunicava a obrigatoriedade do teste.

A FOSB tentou negociar com os músicos demitidos, mas não ofereceu uma solução que os instrumentistas considerassem digna. Artistas do porte dos pianistas Nelson Freire e Cristina Ortiz, do maestro Roberto Tibiriçá, dos bailarinos Ana Botafogo e Alex Neoral decidiram cancelar seus concertos, incomodados por considerar as demissões por justa causa arbitrárias.

Convocados pela Fundação OSB para provas de avaliação, cerca de 40 músicos do grupo se recusaram a fazer as avaliações, afirmando que as provas tinham caráter autoritário e que o objetivo era demissão em massa. A direção da orquestra alegou que as provas não tinham como objetivo as demissões. Impôs um acordo final que foi recusado pelos músicos, resultando na demissão de 36 músicos por justa causa. Três dos 36 demitidos foram reintegrados.

A FOSB é uma instituição privada de direito público que tem entre seus principais mantenedores a Vale, a Prefeitura do Rio e o BNDES. Seu orçamento previsto para 2011 é de R$ 34 milhões, 60% dele captado via Lei Rouanet.

Edu Lobo
Sou apaixonada por música clássica e tenho certeza que essa história terá um final feliz. Acredito que ainda vamos assistir um concerto da verdadeira OSB, com os músicos ocupando os lugares de onde nunca deveriam ter sido tirados, disse.

Um comentário:

  1. É com tamanha tristeza que vejo esse episódio na música clássica brasileira. Prestigiei a OSB todas as vezes que se apresentou em Sergipe. Gostaria de contribuir de alguma forma. Como faço parte do Colegiado Setorial de Música MINC-CNPC poderíamos em conjunto fazermos uma moção sobre o assunto e eu encaminharia ao CNPC através do colegiado. O que vocês acham?

    Atenciosamente,

    Malva Malvar
    e-mail: malvamalvar@gmail.com
    Telefones: 79-32495354

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