quinta-feira, 14 de julho de 2011

VI Congresso: o mais vibrante e destemido nos 25 anos de lutas da CGTB

                                                                                                                                         André Augusto
O VI Congresso da CGTB, realizado entre 7 e 9 de julho, foi talvez o mais importante, em 25 anos de história da entidade. Os delegados, comandados pela Executiva Nacional, tiveram que enfrentar obstáculos impostos pelo antigo presidente, que, inclusive, cortou as verbas poucos dias do evento. Isso só aumentou a disposição dos sindicatos de segurar firme a bandeira da CGTB: 890 delegados de 14 estados compareceram ao Moinho Santo Antônio, em São Paulo, e participaram de maneira combativa, aprovando a propostas de lutas da Central para os próximos quatro anos, como redução dos juros, fim do fator previdenciário, redução da jornada para 40 horas

Executiva Nacional eleita no VI Congresso
O metalúrgico Ubiraci Dantas de Oliveira, mais conhecido como Bira, foi eleito presidente da entidade nos próximos quatro anos. “Começa uma nova era na CGTB. Essa nova diretoria tem uma grande responsabilidade de representar com dignidade os trabalhadores. Não podemos descansar enquanto houver um desempregado, enquanto houver uma criança passando fome, enquanto os monopólios continuarem rapinando as nossas riquezas, afirmou Bira.

Bira põe em votação as teses
“Aqui é CGTB, a luta é pra valer”, “CGTB unida, jamais será vencida”, “Brava gente, brasileira, longe vá temor servil, ou ficar a Pátria Livre, ou morrer pelo Brasil”, entoou o plenário, composto por quase metade de mulheres. O crescimento do papel das trabalhadoras se expressou na composição da Executiva Nacional, com nove integrantes. Até então havia só uma mulher na direção da CGTB.
“Criamos duas Secretarias de Mulheres. É uma honra a CGTB chegar nesse momento com força para criar essas Secretarias, com o objetivo de estimular a participação das mulheres e a diretoria a ter trabalhos específicos sobre a participação das mulheres. Temos agora também a Secretaria da Juventude para que o nosso jovem possa transformar sua esperança, que é própria do jovem, em realidade o mais rápido possível. Com muita satisfação também estamos substituindo o nosso movimento dos assentados por uma coisa mais ampla, mais forte, mais profunda, criando duas secretarias do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar. Uma das mais importantes é a Secretaria da Saúde do Trabalhador, onde nós já estamos com um trabalho muito importante nessa área feito pelo Jorge Venancio”.
Maria Pimentel resgatou a luta, desde antes a 1ª Conclat, em 1981, para a participação da mulher na direção do movimento sindical, em particular a atuação da atual secretária Nacional da Mulher Trabalhadora da CGTB, Cida Malavazi, ex-diretora do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo. “Mesmo com câncer, passando grande tempo no hospital, Cida foi incansável para que tivéssemos hoje essa expressiva banca de mulheres delgadas ao nosso congresso”, sublinhou Maria.
Ao iniciar sua intervenção, a presidente da Federação Democrática Internacional de Mulheres (FDIM), Márcia Campos, pediu que as delegadas se levantassem. O plenário, então, constatou que quase metade dos presentes ao VI Congresso da CGTB era composta da mulher trabalhadora: “Isso só é possível em uma entidade realmente comprometida com luta pela igualdade, contra a discriminação e pela emancipação do país, coisa que só possível com a participação de todos, homens e mulheres. Parabéns à CGTB”.
Outro tópico abordado por Bira foi o aumento do salário mínimo. Ele convocou todos a arregaçarem as mangas, uma vez que a equipe econômica do governo quer implantar uma política de arrocho sob o pretexto de que aumento de salário gera inflação. “Aumento de salário não gera emprego, aumento de salário fortalece o mercado interno e contribui para o desenvolvimento do Brasil”, enfatizou o dirigente da Central.
Carlos Alberto Pereira, reeleito secretário-geral, apresentou as novas Secretarias que foram criadas no VI Congresso da Central, como a Secretaria do Serviço Público, pela sua importância do assunto que trata: o funcionalismo público.  Definido por Carlos como “trabalhadores especiais, servidores que servem ao público, e que o neoliberalismo ataca para enfraquecer o Estado”.
Também foram criadas mais cinco vice-presidências, a Secretaria de Comunicação, de Combate à Desigualdade Racial, de Assuntos Parlamentares, de Assuntos Jurídicos, de Mobilização, de Patrimônio, do Mercosul e de Formação e Educação Sindical.
Lindolfo dos Santos, que foi reeleito secretário de Finanças, apresentou um balanço das contas da CGTB, que já haviam sido aprovadas pela Executiva Nacional e pelo Conselho Fiscal, colocando novamente sob votação ao plenário do VI Congresso, que também aprovou.
“O ex-presidente teve a capacidade e o descompromisso de suspender esses pagamentos para dificultar a vinda de todos vocês nesse Congresso. Mas a presença de todos vocês mostra a ele que nenhum ditadorzinho de opereta vai impedir os trabalhadores brasileiros de defender a sua Central e os interesses dos trabalhadores. Parabéns a todos os companheiros aqui presentes com essa demonstração de consciência, de força, de luta e garra. Aqui é a CGTB dos trabalhadores brasileiros”, falou Lindolfo.

No final, o presidente do CNAB, prof. Eduardo de Oliveira, parabenizou a CGTB pelo empolgante congresso e cantou o Hino à Negritude. “Nos meus 85 anos de vida, pude ser premiado neste instante com esta assembleia maravilhosa da CGTB mostrando que o Brasil é dos brasileiros e das brasileiras”, falou o professor Eduardo.

O VI Congresso foi encerrado com a execução do Hino Nacional ao som da flauta da delegada Andrea Dias, diretora do Sindicato dos Músicos do Estado Rio de Janeiro, sendo acompanhada pelo plenário.

Plenárias
Na sexta-feira (8), foram realizadas quatro plenárias nas quais os delegados ao VI Congresso debateram sobre os seguintes temas: “O papel do Estado no desenvolvimento econômico e tecnológico”, “Fazer a reforma política para fortalecer a democracia”, “Democratizar os meios de comunicação”, “Reforma agrária: ampliar a produção e erradicar a miséria”, “Salário igual, trabalho igual”, “A universalização da Seguridade Social”, “Melhorar a qualidade dos serviços do SUS”, “Melhores condições de vida e de trabalho”, “Unir os trabalhadores no mundo contra a rapinagem dos monopólios” e “Organização sindical”.

O documento-base apresentado pela Executiva Nacional foi apreciado pelos 890 delegados, de 14 estados, presentes no Moinho Santo Antônio, foi enriquecido com propostas no decorrer das plenárias.
“Nós temos uma luta muito intensa pela frente. Metade do Orçamento vai para os bancos, enquanto para saúde um pouco de 2%, e para a educação nem isso. Temos que inverter essa situação, na qual o fruto do nosso suor fica com os monopólios”, afirmou o tesoureiro do Sindpd e presidente da CGTB-SP, Paulo Sabóia, que coordenou a primeira plenária.
Para Joselson Veras, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Federais de Alagoas, “toda vez que o dólar sobe, os grandes empresários direcionam os investimentos para a exportação, como fazem os usineiros em Alagoas que produzem mais açúcar com essa finalidade e deixam de produzir etanol. Proponho o controle do câmbio”.
“A questão do desenvolvimento passa pelo fortalecimento das empresas nacionais, fim das privatizações, contra o desembarque de capital estrangeiro. Seria importante também que a CGTB levasse uma proposta ao governo federal ajudasse os sindicatos a melhorar os serviços de saúde que ofertam aos associados”, disse Lairson Silva, do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Brasília.
Gildovan dos Santos, integrante do Movimento dos Agricultores Sem Terra (MAST) de Brasília propôs a criação da Secretaria de Políticas Agrícolas e Agrárias da CGTB e o fortalecimento do INCRA.

                                                                                 Sílvia Gomes

Déborah Cheyne, presidente do SindMusi; Waldir Silva, presidente CGTB-DF; e Carliene, diretora da CGTB-DF

Edvaldo Souza, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos de São Gonçalo do Amarante (RN) defendeu o fim da cobrança do Imposto de Renda dos aposentados do serviço público, a eliminação de todo tipo de terceirização no serviço público e a desburocratização para o acesso ao programa Minha Casa, Minha Vida para famílias de baixa renda.
“Os neoliberais dizem crack nem pensar. Mas nós temos que pensar sim. Precisamos ir para as ruas, para a porta das escolas, das fábricas e fazer uma guerra contra essa droga”, frisou Edmilson Cunha, do Sindicato dos Químicos do Rio Grande do Sul.
À noite, houve uma atividade cultural com show da bateria e passistas da Escola de Samba Gaviões da Fiel - que no Carnaval de 2012 desfilará com o enredo “Lula, verás que um filho fiel não foge à luta” – e do grupo de samba de Helinho do Cavaco.


Após os delegados cantarem o Hino Nacional apenas no gogó, o secretário-geral Carlos Alberto Pereira pediu uma questão de ordem, na qual enumerou uma série de sabotagens praticadas pelo presidente da CGTB, Antonio Neto, para tentar inviabilizar o VI Congresso, e, baseando-se no Estatuto, propôs que Neto fosse suspenso por 30 dias e, como decorrência, afastado da presidência do Congresso, o que foi aprovado pelos delegados.
“O que nós entendemos nesse processo é que toda grande batalha produz seus heróis, mas também produz seus traidores, e era isso que estava acontecendo dentro da CGTB. Mas, por outro lado, levantou dentro de muitos companheiros a necessidade de defender e aprofundar a nossa luta. Nós tivemos uma profunda discussão dentro da nossa Central de que era necessário defender a nossa estrutura e a nossa organização para poder crescer. Em todos os estados em que estamos organizados foram realizadas plenárias, nas quais as nossas entidades filiadas perceberam a importância de defender a CGTB e a defenderam como nunca. O resultado está aqui: esse Congresso foi previsto para 850 delegados e nós temos aqui 831 credenciados, até o momento”, afirmou Pereira.
O secretário de Finanças, Lindolfo dos Santos, narrou a luta ferrenha para que a CGTB pudesse sustentar a luta por melhores salários, em defesa da previdência, contra as privatizações e defendeu que para isso é essencial a contribuição de 2% anuais da receita bruta para a Central, destacando inclusive sindicatos de pequeno porte que não deixam de cumprir com o Estatuto, pagando regularmente sua contribuição. “Quem faz isso, mostra seu compromisso com os trabalhadores, com o Brasil, pois nós devemos sustentar a luta com nossos próprios esforços”.
De acordo com o vice-presidente da CGTB-RJ e tesoureiro do Sindicato dos Empregados de Edifícios de Niterói, José Jovino, “o Rio foi palco de um debate político firme. A opção do Rio está aqui, com mais de 100 delegados. Queria parabenizar a nossa delegação, em especial a delegação do nosso sindicato. Estamos com a legalidade, com a CGTB histórica”.
O secretário-geral da UNE, Antônio Henrique, deu de presente a Bira uma bandeira da entidade, um verdadeiro símbolo do Brasil. “Essa bandeira nós só damos aos melhores brasileiros. Sinto-me honrado em estar aqui falando em nome dos estudantes. Nós reconhecemos a CGTB como um patrimônio de todos os brasileiros”, disse o dirigente estudantil.

A seguir a Executiva Nacional eleita no VI Congresso:
Presidente: Ubiraci Dantas de Oliveira, metalúrgicos de São Paulo; 1º vice-presidente: Ernesto Afonso, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Instalações Elétricas do Rio de Janeiro; 2º vice-presidente: Adilson Santana, tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores em Minas de Goiás; 3º vice-presidente: Nélio Botelho, presidente do Movimento União Brasil Caminhoneiro; 4º vice-presidente: Déborah Cheyne, presidente do Sindicato dos Músicos do Estado do Rio de Janeiro; 5º vice-presidente: Carlos Alberto Litti Dhamer, presidente do Sindicato dos Transportadores Autônomos de Ijuí; 6º vice-presidente: Toninho Bom, presidente dos Trabalhadores Rurais de Capivari; 7º vice-presidente: Maria Aparecida Alves Lopes, presidente do Sempreviajavend; 8º vice-presidente: Samuel da Silva Freitas, presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil de Campo Grande; Secretário-geral: Carlos Alberto de Oliveira Pereira, economistas de São Paulo; 1º secretário: Sérgio Cabral Barbosa, presidente do Sindpd-AL; 2º secretário: Marilton Cavalcanti, presidente da CGTB-PE; Secretário de Finanças: Lindolfo Luiz dos Santos Neto, químicos de São Paulo; 1º secretário de Finanças: Waldir Ferreira da Silva; 2º secretário de Finanças: Milton Alves de Oliveira, diretor do Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil do Distrito Federal; Secretário de Comunicação: Paulo Teixeira Sabóia, tesoureiro do Sindpd-SP; Secretário de Assuntos Parlamentares: José Aparecido Gimenes Gandara, presidente do Sindicato dos Empregados nos Correios de Bauru; Secretário de Assuntos Jurídicos: Genildo Leandro da Costa; Secretário de Mobilização: Alfredo de Oliveira Neto, metalúrgicos de São Paulo; Secretário de Assuntos Institucionais: Zivan Roque Tavares, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Terceirizados do Espírito Santo; 1º secretário de Assuntos Institucionais: Edson Severiano da Fonseca, presidente da CGTB-RN; 2º secretário de Assuntos Institucionais: Manoel Clemente Filho; Secretária de Patrimônio: Vera Gorron, presidente do Sindicato dos Professores de Leme; Secretária de Relações Internacionais: Lúcia Maria Rodrigues Pimentel; 1ª secretária de Relações Internacionais: Maria Aparecida Silva Rodrigues, presidente do Sisma-MT; 2º secretário de Relações Internacionais: Antenor José da Silva Filho, diretor do Sindicato dos Transportes Aquaviários do Espírito Santo; Secretário Internacional do Mercosul: José Jovino, tesoureiro do Sindicatos dos Empregados em Edifícios de Niterói; Secretário de Saúde do Trabalhador: Jorge Venancio, médicos de São Paulo; Secretário de Educação Sindical: Maurício Ferreira da Silva, diretor do Sempreviajavend; Secretário do Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar: Ramilton José, diretor do Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Distrito Federal; Secretário do Sindicato Nacional dos Aposentados da CGTB: Oswaldo Lourenço, ferroviário; Secretário do Serviço Público: Adolfo Grassi, presidente do Sindas-MT; Secretária Nacional da Mulher: Aparecida Malavazi, metalúrgicos de São Paulo; 1ª secretária Nacional da Mulher: Jussara Silva Lopes, presidente do Sindicato dos Vestuários de Feira de Santana; Secretário de Combate à Desigualdade Racial: Tiago Nunes, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil de Nova Iguaçu; Secretário da Juventude: Éder Pereira, secretário-geral da CGTB-RS; Secretário dos Trabalhadores em Educação: Adenir Segura, presidente do Sindicato dos Professores Municipais de Barueri; 1º suplente: Alcir Albernoz, presidente do Sincomam; 2º suplente: Alfredo de Gonçalves de Pádua Neto, diretor do Sindicato dos Bancário de Goiânia; 3º Suplente: Francisco Erivan Pereira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias de Santos e Região; 4º Suplente: Esteniza Fernandes da Costa, diretora do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Brasília; 5º suplente: Josiane Rodrigues de Oliveira, presidente do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Rio Grande do Sul.


  

Um comentário:

  1. Sou servidor público municipal de Rio Claro e aqui, nosso Presidente Sindical está divulgando outra composição de Diretoria da CGTB, com Antonio Neto Presidente e ele Secretario de Assuntos dos Servidores.

    O que podem me informar sobre isso? O nome dele é Antonio Fernando David Reginato.

    Obrigado!

    DANIEL CARRILO
    dancarrilo@gmail.com

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