sexta-feira, 29 de maio de 2009

Arte e leilão se opõem no Leblon

Camilla Lopes, Jornal do Brasil

RIO - No dia 30 de junho o RioPrevidência – o fundo de pensão dos servidores do estado do Rio – vai leiloar um de seus imóveis com a finalidade de gerar ativos para o estado, com lance inicial de R$ 75 milhões. O bem em questão são os cinco andares acima do Teatro Oi Casa Grande e do Shopping Leblon, na Avenida Afrânio de Melo Franco, no Leblon. A venda, no entanto, impossibilita a criação do Centro Cultural Casa Grande, polo de atividades na área cultural que estava previsto como contrapartida da criação do shopping.

Através de um convênio celebrado em 2002 pela então governadora Benedita da Silva, ficou acertado que os proprietários do shopping construiriam o complexo, que traria um museu resgatador da história do teatro, marcado pela proibição da peça Calabar, de Chico Buarque e Ruy Guerra, em 1974, por parte da repressão militar. O teatro – que também recebeu o primeiro discurso de Lula no Rio, ainda como líder sindical, em 1978 – foi consumido por um incêndio em abril de 1997.

No entanto, durante o governo Sérgio Cabral, o imóvel foi repassado para o RioPrevidência. De acordo com o diretor financeiro da instituição, Antônio Paulo de Medeiros, o RioPrevidência deve, por lei, vender o imóvel.

– Tudo o que está em nome do RioPrevidência tem obrigatoriamente que gerar verba. É lei. – afirma Medeiros. O leilão do dia 30 de junho será o segundo só neste ano; em janeiro, o RioPrevidência já havia posto o imóvel à venda, sem que houvesse compradores.

O diretor do Instituto Casa Grande, criado para defender o interesse da classe artística na construção do Centro Cultural, Marcelo Barbosa, atribuiu a falta de candidatos ao fato de haver uma liminar que esclarece aos compradores do acordo para a criação do Centro Cultural Casa Grande.

– Que grupo empresarial vai querer comprar um imóvel com esta pendência com a sociedade? – questiona Barbosa. Assinam a defesa do Centro Cultural Casa Grande nomes de peso, como o presidente da Associação Brasileira de Imprensa, Maurício Azêdo, o imortal Arnaldo Niskier, o cartunista Ziraldo e o arquiteto Oscar Niemeyer, entre outros artistas e intelectuais.

Procurada pela reportagem do JB a Secretaria de Cultura do Estado afirmou que “não vai se pronunciar sobre o assunto por entender que esta é uma questão do RioPrevidência”. O presidente da Comissão de Cultura da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Alessandro Molon (PT), diz que o centro seria uma compensação histórica para o estado.

– O estado tem de fazer caixa, mas a criação deste espaço público honra a história do Teatro Casa Grande. É lamentável, mas nós não podemos fazer mais nada além de audiências em prol desta causa.

22:02 - 27/05/2009

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