segunda-feira, 8 de junho de 2009

Com a boca no trombone


De um lado os profissionais da música e de outro uma instituição que deve representar a classe. Alguma coisa deve estar errada

Claudio de Oliveira
Da Reportagem

O que é certo é certo. Não existe meio certo ou meio errado. Na última quinta-feira (04/06/09) houve um tumulto, ou um bafafá, no SESC Arsenal envolvendo a Ordem dos Músicos do Brasil – MT (OMB-MT) e o músico Marcelo Eça e banda. O DC Ilustrado, fazendo o seu papel, procurou ouvir as partes e os interessados na discussão para esclarecer o ocorrido.

O músico Marcelo Eça, que está concorrendo, inclusive muito bem cotado com a música “Deixa”, na Garagem do Faustão da Rede Globo, foi impedido de cantar. Segundo o produtor do músico, Rodrigo, que esteve na redação, pessoas do ECAD e da OMB-MT apareceram no SESC acompanhados de dois policiais e exigiram a apresentação das carteiras profissionais dos integrantes da banda. O Marcelo estava com a sua, só que a anuidade está atrasada, contudo, nem todos os integrantes da banda portavam seus documentos profissionais.

Em entrevista ao DC Ilustrado, o músico Pescuma esclareceu que a OMB pode sim impedir um show caso o profissional ou mesmo amador (portador de uma carteira provisória) não estiver devidamente habilitado. Para Pescuma, “a OMB é amparada pela lei e caso o músico queira ele pode inscrever uma chapa e concorrer para alterar o que acha que deve, mas, para isso, tem que estar em dia com a Ordem, no mínimo pertencer a ela”, explicou o músico. Ainda segundo Pescuma, por mais que “o músico esteja devendo cinco anos de anuidade ele não pode ser impedido de cantar”.

Marcelo relatou uma experiência traumática. “Foi constrangedor. Fizeram um escândalo... foi horrível. Na quinta é dia de Bolixo e o SESC estava lotado. Fica parecendo que eu ou a banda temos algum problema na justiça. Me pergunto se isso pode prejudicar o meu trabalho na Garagem do Faustão”, disse Marcelo que enviou um e-mail também contando o ocorrido, onde salienta que eles (OMB) “exigiram que eu cancelasse o meu show por motivos de anuidade da carteira de músico”.

Pelo que entendemos, com auxílio do Pescuma, isso é proibido, mas não o é se os outros músicos não possuíam seus devidos registros. O assunto é polêmico e tentamos ouvir outros interessados e obviamente a própria Ordem. Por inúmeras vezes telefonamos para o presidente da Ordem no seu celular e no comercial da mesma. Conseguimos falar com um parente seu, Francisco, que atendeu o celular por duas vezes e disse que ele estava arrumando o carro na Trescinco.

A pessoa responsável pela “blitz” no SESC foi o Junior, da Ramalu Eventos, que trabalha na Ordem, segundo o Rodrigo Freitas, produtor do Marcelo. Junior, ao telefone, foi curto e grosso: “não dou entrevista por telefone. Se quiser vai lá falar com o presidente na segunda-feira após às 13 horas”. Ouvimos também o SESC Arsenal através da técnica da área de música, Rejane de Musis que disse: “O jurídico pediu para a gente não se manifestar a respeito”.

Ouvimos também Andrézinho, do lambadão, que afirmou: “a OMB não atende a classe da forma que deveria. Eles não podem fazer isso [impedir o músico de cantar], eles têm que notificar primeiro. Sou da Associação do Lambadão de MT e digo: quem quiser pode entrar em contato conosco que providenciamos uma liminar. O telefone é: 9242 9659, o nome do advogado é Mauro”.

Falando em liminar, Carol Barros, produtora do cantor e compositor Paulo Monarco, disse: “Só a ASSIM (Associação Independente de Música) tem 13 liminares, parece que ao todo são pelo menos 70 delas”, que desobrigam os músicos de pagarem a anuidade à OMB ou ter carteira profissional. Carol citou o Wilson Cigano que, no Fórum Permanente de Cultura, escreveu: “Nós da Banda Os Ciganos, em junho de 2000, entramos na Justiça contra a ordem dos Músicos e em 2002 conseguimos uma ordem judicial que nos ampara. Recentemente ajudamos a Banda Remexe Music (lambadão) que estava tendo problemas com a OMB”. Reforçamos que infelizmente não conseguimos ouvir a OMB cujo presidente, Luis Carlos Coutinho, está há mais de vinte anos a frente da instituição.

Esse assunto merece uma análise mais aprofundada, pois se a instituição que representa a classe for para um lado e os músicos para outro, alguma coisa está fora de lugar...


Fonte: Diário de Cuiabá - 8 de junho de 2009

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